sábado, 30 de julho de 2011

A pele banhada por uma meia luz. Pede mãos.

Pede suor. Pede apertos. Pede pele.

Pede mais, sempre mais.

sábado, 9 de julho de 2011

O poeta.


se eu soubesse quem é ele talvez as coisas fossem mais fácil.

mas me parece que ele não é alguém. O POETA é um entidade.
ele não existe aqui e agora.

aqui e agora existe eu e vc. a gente que senta e escreve dia difícil que teve.

vc que dança entre palavras, e vai escrevendo como elas mandam e não como vc as manda.

Parei pra pensar...Imaginei um cara de terno. um terno elegante, branco, escrito, pedaços de cartas, pedaços de objetos, de saudades.

pensei novamente e vi chinelos de couro. uma blusa meio amarrotada pra fora da calça da calça preta. um óculos, uma coluna levemente curvada pra frente.
um meio sorriso constante e um olhar leve, rápido...

continuei pensando e vi um homem, num canto. um outro mundo. onde só existe papel e caneta. uma poesia não vivida. uma espécie de psicografia...

uma mulher, na sua casa. acompanhada de um belo vinho. mentira. um vinho mais ou menos. sozinha. um casaco. ela é bonita... está numa meia luz. e tem uma xícara.

uma mulher, trabalhando em seu escritório, respira fundo, minimiza o trabalho e naquela página em branco do word começa a poetizar. um momento só dela...

uma criança que se esconde, uma criança ali, no quarto... escrevendo coisas lindas da sua imaginação.
e coisas nem tão bonitas assim.


vários amigos reunidos. passando papel de mão e mão. até terminar um poema. sorrisos.

a menina olhando a janela, enquanto chove. e outra vendo o sol. elas falam frases de liberdade.

um mundo de poetas... eu não sei quem é ele.

pode ter também o cara de bermuda tactel, corrente de ouro e que escreve uma linda carta de amor pra menina que todo dia ele viu passar. pra menina que ele ficou. pra menina que namora. pra namorada do amigo.


um momento passageiro como qualquer instante. inteiro e intenso como somente o agora pode ser.

As palavras vão saindo de nossas bocas, vão sendo ditas em instantes que não importa de fato o que está sendo dito. Sei que as vezes não sei o que digo, que as vezes vou falando esperando a resposta sair de mim e as vezes vou escutando o que estão me dizendo sem escutar de verdade. pelo simples prazer de ouvir vc dizer.
eu gosto da voz. eu gosto de olhar vc dizendo. de olhar teus olhos mudando a cada sentimento dito. gosto de ver para onde tuas mãos vão. eu gosto de seguir teu pensamento e perceber que não faz sentido e que genial é isso.


Eu gosto de ouvir nossas loucuras. Eu gosto de ver as taças se esvaziarem e encherem novamente enquanto as palavras se intercalam entre pequenos silêncios, respirações. Uma meia luz, penumbra. música baixa. a música do som completa o som que há em mim. aqui. agora.

perdidas nesse mundo, nos escondemos, aparecemos, nos acompanhamos de pequenas cenas clichês, de palavras nos embebedamos. palavras de amor, de saudade, de raiva, de novidade.

eu to aqui agora. no silêncio de mim. no silêncio que o mundo está fazendo só pra mim... eu to aqui percebendo que isso é o que eu quero.

pequenas cenas clichês, palavras clichês que se encontram em qualquer poema perdido por aí. Palavras que falam de amor, de saudade, de raiva, de não saber e de saber o que se quer. Aquelas velhas frases feitas que falem de liberdade e de uma taça de vinho.

Eu quero o que já vivo. Me entrego. Me assumo.

Minha vida é um velho poema...



um momento. Um momento no meu agora.

Toda minha intensidade e vontade aqui, ali. No instante. Aquele que fica parado no ar como se durasse mais que alguns minutos.

Aquele minuto, precioso tempo. Um tempo sem tempo. Onde eu estive, estou, estarei... num canto do sofá, numa luz que quase não existe. só se vê os contornos e o brilho de pequenas áreas da minha pele. as mãos. as pernas. coxas.

os olhos brilham, e piscam lentamente, uma música que só existe em mim.

existe um copo meio vazio...meio cheio. eu me vejo nele e nem sem pq. nem sei o que de fato há ali. um vinho...

vinho na minha boca.... a vontade da vida. Mas de uma vida pequena. pequena... um mundo com duas taças. minha pele e tuas mãos. minha boca e o vinho. meus olhos e a pouca luz. minha música e os nossos corpos.



terça-feira, 31 de maio de 2011

devaneios

Tu que me queres, me desejas, me tens.

Persegue anseios, vontades, me perde em você.

Me acha nos sonhos, me encontra na pele.

Meu cheiro te chama, minha alma transpira.

Sua boca procura e beija água.

Sou teu vento. Brisa e tempestade.

Às vezes me invoca, outras nem me nota.

Venha em mim aliviar teu, meu, nossos queimar.

Venha a mim sem falar, perguntar. Venha sem procurar...

Posso ser o suspiro da sua respiração, toque, o aperto da mão.

Não me percas, não me procure em você. Não pense.
Eu venho e vou. Vou e talvez não volte.

E quero e espero. E perco a vontade.
E busco, continuo. Inconstante verdade.

Se te quero é pra saciar minha sede.

Se espero é por querer um beijo.

Um beijo, o beijo, apenas beijo.

Eu que muito quis.
Eu que me desfiz.
Me despeço do teu ar.
Renasço em um novo pulsar.


Inspirada na imagem de G. Lobo.

domingo, 29 de maio de 2011

a febre é como um grito do corpo...tudo o que ta trancado vai saindo pelo suor. Se você não chora quando tem de chorar, tem corpo arruma um jeito de te aliviar...

2

chove la fora.chove aqui dentro.
dentro do peito e da alma.

a chuva não lava o mundo. ela se limpa dele.

eu to aqui, chovendo também.